Por Paulo Silvestre
Em um cenário de profundas mudanças no sistema tributário brasileiro, empresas enfrentam o desafio urgente de atualizar suas estruturas tecnológicas para se adequarem à Reforma Tributária. O diagnóstico é preocupante, pois grande parte das companhias ainda não está suficientemente preparada para as transformações que já começam a acontecer e se intensificarão nos próximos anos.
“É uma questão de sobrevivência”, alerta Roberto de Lazari, diretor comercial e de parcerias da All Tax Platform, empresa especializada em soluções fiscais. “Caso a empresa não faça o investimento para atender as mudanças requeridas, a operação para completamente, sem capacidade de emitir ou receber uma nota fiscal”, explica.
A reforma, sancionada em 2025, substitui cinco tributos (PIS, Cofins, IPI, ICMS e ISS) por dois novos impostos -a CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços) e o IBS (Imposto sobre Bens e Serviços)- além de introduzir o Imposto Seletivo para produtos prejudiciais à saúde e ao meio ambiente. O cronograma prevê um período de testes em 2026, sem cobrança efetiva, com implementação gradual até 2033.
A adequação à reforma requer uma abordagem integral envolvendo diversos sistemas internos de gestão. Enquanto algumas empresas avançam em frentes isoladas, poucas adotam a visão holística necessária para enfrentar o que está por vir.
O que preocupa especialistas são os gargalos tecnológicos que as empresas enfrentarão nos próximos meses. Entre os principais obstáculos estão a rigidez dos sistemas legados, que não foram projetados para atualizações rápidas, e a integração inadequada com plataformas fiscais modernas, comprometendo a eficiência e conformidade.
Outro desafio significativo é a escalabilidade insuficiente dos sistemas atuais. “Com a necessidade de rodar os dois sistemas em paralelo, existe um aumento no volume de dados exigido para os novos relatórios, apuração e obrigações”, explica de Lazari.
Tecnologia como apoio
Para enfrentar esse cenário, a tecnologia surge como aliada fundamental. Soluções baseadas em arquitetura “low-code” (que exige pouca ou nenhuma programação), por exemplo, possibilitam a criação e modificação de processos fiscais com agilidade, sem depender excessivamente de desenvolvimento técnico especializado.
“Com as definições ainda sendo feitas pelo governo, fluxos de trabalho e regras fiscais precisarão ser ajustados e testados em questão de horas”, destaca de Lazari. Segundo ele, a flexibilidade das soluções que permitam que novos impostos e obrigações sejam integrados sem a necessidade de recriar completamente o sistema será essencial para o sucesso do projeto.