PLP 108/24 – Reforma tributária: Braga mantém votação do projeto sobre Comitê do IBS em julho

Por Nivaldo Souza

O senador Eduardo Braga (MDB-AM), relator do projeto de regulamentação da reforma tributária sobre a criação do Comitê Gestor do IBS, o Imposto sobre Bens e Serviço (PLP 108/2025), afirmou nesta terça-feira (17) que a votação do relatório está mantida para ocorrer em julho. Segundo ele, o tradicional recesso branco do Congresso entre o feriado de Corpus Christi e a semana de festividades do São João não afetará o cronograma de trabalho. “Daqui a 20 dias estaremos fazendo as negociações finais para apresentação do relatório”, afirmou.

Mas o relator disse à Folha que, até lá, será preciso arbitrar para resolver o principal impasse envolvendo o projeto: a disputa entre a CNM (Confederação Nacional dos Municípios) e a FNP (Federação Nacional de Prefeitas e Prefeitos) pela composição do Conselho Superior do Comitê, núcleo de controle politico do órgão.

“Estou dando tempo ao tempo. Dizem que nada melhor do que o tempo para resolver os problemas, mas tem limite”, indicou. Braga, contudo, não revelou se ele será o juiz do impasse à instalação do Comitê. “Alguém terá que arbitrar”, disse.

O Comitê precisa ser integralmente instalado neste ano para iniciar a transição para o novo modelo tributário a partir 2026, quando o IBS começará a ser testado para substituir o ISS (municipal) e o ICMS (estadual) em 2033. O órgão foi parcialmente instalado com os indicados pelos estados para o Conselho.

BRIGA POR ASSENTOS

O ponto central da tensão entre as entidades municipalistas envolve o efetivo controle do Conselho. A partir de 2033, Comitê será responsável pela divisão de cerca de R$ 1 trilhão em arrecadação estimada pela FNP para os municípios. O órgão será também o árbitro de eventuais contenciosos tributários de contribuintes.

As entidades travam uma batalha sobre o rito de indicação dos integrantes do conselho formado por 54 membros, sendo 27 indicados dos estados e 27 dos municípios. Pelo critério definido durante a tramitação do projeto na Câmara do Deputados, 14 membros das cidades serão escolhidos pelos prefeitos em votação direta a partir de chapas pré-definidas pelas entidades. As chapas precisam ter pelo menos o apoio de 20% dos 5.570 municípios.

Os outros 13 integrantes deverão ser escolhidos com base em chapas elaboradas sob os critérios de representação mínima de 20% da população.

A Câmara definiu, em negociação da qual a FNP optou por não participar, que a federação ficaria com 13 assentos no Conselho, enquanto a confederação teria com 14 lugares. A federação, formada principalmente por prefeitos de capitais e cidades de maior porte, questiona a composição majoritária para a confederação, composta por algumas capitais e cidades de pequeno, médio e grande portes.

A FNP questiona, ainda, a regra de indicação de técnico da área fiscal dos municípios para o Comitê. O presidente da federação, o prefeito do Rio de Janeiro Eduardo Paes (PSD), defende uma composição formada exclusivamente por secretários de finanças das prefeituras. A CNM é contra a mudança.

O embate saiu da arena política com as FNP e a CNM travando uma batalha no Judiciário pelos critérios para a eleição das chapas do Comitê. Isso pode atrasar a instalação do Comitê a tempo do início da transição da reforma no ano que vem.

Ministério da Fazenda evita se posicionar abertamente por uma solução. Bernad Appy, secretário Extraordinário da Reforma Tributária, participou de audiência pública no Senado na semana passada. Ele sugeriu o encerramento da tensão afirmando que a reforma visa encerrar a guerra fiscal entre cidades. “O ideal era que a gente chegasse a um acordo, porque todo o modelo [da reforma] tem funcionado até agora no modelo de federalismo cooperativo e seria muito bom que a gente conseguisse superar esse impasse”, declarou.

https://www1.folha.uol.com.br/blogs/que-imposto-e-esse/2025/06/reforma-tributaria-braga-mantem-votacao-do-projeto-sobre-comite-do-ibs-em-julho.shtml

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