O futuro da tributação digital no Brasil | EP 9 José Adriano Talks com Carlos Kazuo

Por José Adriano

O Brasil está às vésperas de uma das maiores transformações fiscais de sua história. A Reforma Tributária não é apenas uma mudança de regras: é uma mudança de era. Ela redefine a relação entre empresas, tecnologia e Fisco, acelerando a transição para um modelo em que o dado fiscal se torna estratégico — e não apenas uma obrigação.

No novo episódio do José Adriano Talks, eu recebo Carlos Kazuo, CEO da KTGroup, contador e pioneiro na automação fiscal no Brasil, para discutir o futuro da tributação digital e os impactos diretos dessa nova fase sobre a gestão empresarial.


Da obrigação à inteligência de negócios

Desde o início dos anos 2000, o Brasil lidera a digitalização fiscal com o avanço do SPED, NF-e e ECF.
O que nasceu como um projeto de controle evoluiu para um sistema que integra praticamente toda a economia formal.

Mas a verdadeira virada não é tecnológica — é cultural.
Muitas empresas ainda tratam o fiscal como custo ou burocracia, quando na prática ele já se tornou um ativo de valor. O dado fiscal bem estruturado é fonte de decisão, eficiência e competitividade.

Kazuo relembra que, há 30 anos, a escrituração era manual e desconectada. Hoje, o desafio é outro: extrair inteligência de volumes massivos de informações, transformando conformidade em visão estratégica.


A Reforma Tributária como ponto de inflexão

A Reforma Tributária é o eixo central da nova era fiscal.
Com a criação do IVA dual — CBS e IBS —, o país passará a operar sob uma estrutura simplificada, baseada em transparência e rastreabilidade.
Mas essa transição exigirá reorganização profunda de processos, sistemas e equipes.

“A reforma não é apenas sobre impostos. É sobre eficiência, transparência e competitividade”, afirma Kazuo no episódio.

O período de 2026 será um ensaio geral.
O Fisco testará seus sistemas, as empresas ajustarão suas operações, e a qualidade dos dados determinará quem estará pronto em 2027.
Não é um ano arrecadatório — é o momento de amadurecimento digital.

Empresas que enxergarem a reforma como oportunidade de reconstrução tecnológica sairão na frente. As que tratarem como mero cumprimento legal ficarão presas a um modelo que já não conversa com o futuro.


O papel da tecnologia e da Inteligência Artificial

A automação fiscal evolui rapidamente.
Hoje, Inteligência Artificial (IA) e RPA (Automação Robótica de Processos) já são capazes de cruzar dados, antecipar inconsistências e alertar sobre riscos quase em tempo real.
A IA deixa de ser promessa e passa a ser ferramenta prática — capaz de reduzir retrabalho e liberar o profissional fiscal para análises mais estratégicas.

No episódio, discutimos como a tecnologia deve deixar de ser apenas suporte para se tornar parte central da tomada de decisão.
O futuro da área fiscal é analítico, preditivo e integrado.
A diferença estará em quem souber interpretar o dado, não apenas coletá-lo.


Empresas médias: o desafio da estruturação

As empresas de médio porte representam hoje o elo mais sensível dessa transição.
Muitas ainda dependem de planilhas isoladas, integrações parciais e informações descentralizadas.
Sem consistência de dados, não há como aplicar IA, automatizar processos ou projetar cenários tributários com precisão.

A recomendação é clara: investir agora em governança de dados, revisitar processos e capacitar equipes.
Quem fizer esse dever de casa até 2026 terá uma vantagem competitiva real quando o novo sistema estiver plenamente em vigor.


O novo perfil do profissional fiscal

A Reforma Tributária também redefine o papel humano dentro da estrutura tributária.
O profissional fiscal deixa de ser o guardião do cumprimento legal e se torna analista de inteligência tributária.
Passa a atuar com dados, prever impactos, apoiar decisões e contribuir diretamente para o resultado da empresa.

Como destacou Kazuo, o futuro exige menos digitação e mais interpretação.
A tecnologia automatiza, mas é o olhar crítico que transforma dado em valor.
Essa mudança de postura será o divisor entre o profissional reativo e o protagonista do novo cenário.


Um novo ciclo de colaboração

A digitalização fiscal brasileira não nasceu isolada — e a próxima fase também será colaborativa.
Fisco, empresas e provedores de tecnologia precisarão atuar juntos para consolidar um ecossistema que una segurança, simplificação e inovação.
O modelo que está sendo desenhado valoriza a cooperação e o aprendizado contínuo.

Em 2026, veremos o reflexo direto disso: empresas testando suas apurações, cruzando dados com o Fisco e ajustando suas práticas de forma quase simultânea.
Um marco que deve redefinir o conceito de compliance tributário no país.

Ouça e participe:

O episódio completo está disponível no Spotify e demais plataformas de áudio: www.joseadrianotalks.com.br


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