Empresas que ainda não estiverem se preparando podem ser paralisadas pela Reforma Tributária já em 2026

por Paulo Silvestre

Se a sua empresa ainda não começou a se preparar para a Reforma Tributária, é hora de se mexer. A nova realidade fiscal do país está batendo à porta, e quem deixar para a última hora corre o risco de enfrentar um caos operacional, perder competitividade e até encarar multas severas.

A Reforma Tributária deixou de ser uma promessa e se tornou um processo em andamento, com impactos profundos sobre todos os setores e portes empresariais. Implantada em fases, com mudanças já previstas para o ano que vem, representa uma ruptura com o sistema atual, marcado por complexidade, insegurança jurídica e altos custos de conformidade.

Mas a transição não será simples. “As empresas que ainda não começaram a se adequar para emissão dos novos documentos fiscais já estão atrasadas”, avisa Álvaro Bahia, coordenador técnico do Encat e integrante do Grupo Técnico Operacional do Pré-Comitê Gestor. “Já temos documentação técnica publicada para esse fim, tanto de documentos fiscais referentes a mercadorias como de serviços.”

O alerta veio durante o All Tax Summit, promovido pela All Tax Platform, empresa especializada em soluções tributárias e fiscais. O evento reuniu líderes de grandes corporações, autoridades tributárias e especialistas do setor público e privado para discutir o futuro do sistema tributário brasileiro e os caminhos para uma transição inteligente.

Não é exagero a urgência apontada por Bahia. Muitos gestores ainda não se deram conta de que as adaptações exigem mudanças profundas de processos internos, de sistemas e até da lógica de precificação dos produtos.

“Historicamente, o Brasil sempre enfrentou alta volatilidade em legislações e normas tributárias, e, com a Reforma Tributária, essa dinâmica tende a se intensificar, exigindo dos softwares uma flexibilidade ainda maior”, explica Roberto de Lazari, diretor comercial e de parcerias da All Tax Platform. “É justamente nessa capacidade intrínseca da nossa plataforma TIMP que estamos apostando para ampliar nossa participação de mercado.”

Durante o Summit, Sandra Andrade, membro do Grupo de Coordenação Técnica Normativa do Pré-Comitê Gestor, reforçou que o tempo é curto. “A legislação recentemente aprovada é um cipoal de 544 dispositivos, muitas vezes com uma linguagem academicista, truncada e de uma complexidade que, mesmo para nós, técnicos, se revela de difícil compreensão”, adverte. “Quiçá para o contribuinte, principalmente aquele que não disponha de contadores ou advogados para auxiliá-lo!”

Raphael Lima, gerente de Tributos do Sicredi, destaca que a transição trará mais complexidade no curto prazo. “Teremos um período de transição de sete ou oito anos, quando conviveremos com dois regimes, e isso vai trazer mais complexidade, pois precisaremos manter o formato atual e lidar com o novo”, explica. Por isso, ele prevê que “vai piorar, para depois, sim, melhorar.”

Benefícios reais, se bem implementados

Apesar dos desafios, os benefícios esperados da Reforma Tributária são significativos, com a promessa de impulsionar o crescimento econômico através da simplificação da tributação sobre o consumo. Por isso, as empresas devem obter toda a ajuda possível.

Maurício Serafim, superintendente de Controladoria do Sicredi, deixa isso claro. “Nossa atuação sempre tem o foco no desenvolvimento local das comunidades”, reforçando o compromisso da instituição com seus associados. “Assuntos complexos, como Reforma Tributária, trazem mudanças grandes no sistema financeiro nacional, impactando nossos associados e suas necessidades para garantir perenidade e continuar crescendo.”

A robustez dos sistemas de gestão é outro fator crítico. “Uma boa prática é envolver todas as áreas relevantes da empresa, não apenas TI ou tributária, já que haverá impactos em todos os processos”, sugere Knut Bartel, diretor de Localização da SAP Brasil. “O que faz a diferença é uma cultura de inovação, colaboração e visão estratégica para encarar os desafios da reforma tributária e transformá-los em oportunidades.”

Os especialistas recomendam que os gestores se conectem a outros integrantes do mercado. A troca de informações pode trazer ideias valiosas ao processo de cada um.

O futuro tributário brasileiro promete mais simplicidade e eficiência, mas o caminho até lá será desafiador. As empresas precisam investir em tecnologia, formar equipes multidisciplinares e buscar parceiros estratégicos que possam ajudá-las a navegar por esse período de profundas transformações.

Quem se preparar adequadamente não apenas evitará riscos de conformidade, mas também poderá transformar esse desafio em vantagem competitiva, operando com maior eficiência em um ambiente finalmente mais simples e transparente. Entretanto, isso só acontecerá para quem começar a agir agora.

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