Prevenção como estratégia: sua empresa está em risco? | EP 16 José Adriano Talks‬ com Paula Motta

Por José Adriano

Falar de governança sem falar de risco virou um luxo que poucas empresas ainda “acham” que podem se dar. Em um ambiente de incerteza regulatória, pressão competitiva, ataques cibernéticos e cadeias cada vez mais interdependentes, tratar seguro apenas como custo obrigatório é, na prática, uma decisão estratégica – só que ruim. A prevenção que não cabe no orçamento costuma reaparecer depois na forma de crise, perda patrimonial, litígio ou reputação comprometida.

No novo episódio do José Adriano Talks, eu recebo a Paula Motta, sócia da BHR Corretora de Seguros, para discutir justamente isso: prevenção como estratégia e o que as empresas ainda não entenderam sobre risco. Ao longo da conversa, exploramos como estruturas de seguros bem desenhadas podem deixar de ser “nota de rodapé” do financeiro para ocupar o centro da agenda de conselhos, diretorias e áreas de governança, blindando decisões, pessoas e ativos críticos.

Um dos pontos que mais chama atenção é a diferença entre a cultura de seguros no Brasil e em outros países. Aqui, quando existe seguro, quase sempre ele está associado ao carro e ao imóvel; protegemos coisas antes de proteger pessoas. Na prática, isso significa que muitas famílias e empresas estão expostas a perdas súbitas de renda, liderança ou operação. A pandemia acelerou um pouco a consciência sobre seguros de vida e de pessoas, mas ainda há um espaço enorme para evoluir – especialmente quando falamos de líderes, executivos e donos de negócio.

Quando migramos para o universo empresarial, fica claro que governança sem mitigação de risco não se sustenta. Seguro bem estruturado não é só proteção contra o imprevisível: é um aliado direto da tomada de decisão. Apólices como D&O (que protege patrimônio de administradores em decisões críticas) e seguros de responsabilidade civil profissional ou operacional ajudam o gestor a decidir com mais segurança, sabendo que um erro ou uma falha operacional não precisa, necessariamente, se transformar em desastre financeiro.

Ao mesmo tempo, há uma nova geração de seguros que dialoga com as dores mais atuais das empresas. O seguro cyber, por exemplo, deixou de ser assunto só de big tech para entrar na realidade de padarias, escritórios, clínicas e indústrias. Antes de emitir a apólice, a seguradora força um diagnóstico de segurança, aponta fragilidades, fortalece processos, e só então assume o risco – é como instalar os extintores antes de falar de incêndio. O seguro de M&A segue lógica semelhante: traz previsibilidade para fusões e aquisições, reduz incertezas pós-fechamento e acelera a confiança entre comprador, vendedor e investidores, especialmente quando há capital estrangeiro na mesa.

Também discutimos como o seguro pode ser uma ferramenta concreta de sucessão e perenidade. No caso de empresas com mais de um sócio, é comum a tensão entre herdeiros e negócio quando alguém falece ou se afasta. Estruturas específicas permitem indenizar a família e, ao mesmo tempo, manter o controle e a gestão com quem tem preparo técnico para seguir a operação, evitando que uma empresa saudável seja colocada em risco por conflitos societários ou falta de alinhamento. Em um país em que grande parte das empresas não chega à terceira geração, essa conversa deixa de ser teórica e entra direto na pauta de quem pensa legado.

Se o racional é tão claro, por que tanta empresa ainda resiste? A Paula traz duas respostas incômodas: falta de conhecimento e falta de boa consultoria. Muitos gestores seguem enxergando seguro como gasto, e não como investimento em mitigação. Outros simplesmente não param para olhar o mapa de riscos com profundidade; vivem “trocando o pneu com o carro em movimento”, fechando contratos, atendendo clientes e lutando com o fluxo de caixa, sem reservar tempo para discutir qual perda, se acontecer amanhã, a empresa não suportaria. Nesse cenário, a recomendação é simples e direta: seguros deveriam consumir uma fatia clara do orçamento, coerente com o nível de risco que cada negócio decide assumir.

O recado final deste episódio não é “compre mais seguros”, e sim “entenda melhor os riscos que está carregando”. Seguro não substitui governança, mas potencializa seus efeitos quando faz parte da estratégia. Para conselhos, comitês, CFOs, DPOs, áreas de compliance e donos de empresas médias que estão amadurecendo sua estrutura de gestão, essa reflexão é estratégica: transformar apólices em ativos de proteção, sucessão e confiança pode ser a diferença entre atravessar a próxima crise ou ficar pelo caminho.

Se esse tema conversa com a realidade da sua empresa, vale ouvir o episódio completo com a Paula Motta, disponível em www.joseadrianotalks.com.br, no YouTube e nas principais plataformas de áudio. Assim como nos outros episódios do José Adriano Talks – em que discutimos reforma tributária, inteligência artificial, governança e futuro do trabalho – a proposta aqui é a mesma: provocar, oferecer referências práticas e ajudar executivos, conselheiros e empreendedores a tomarem decisões mais conscientes em tempos de mudança acelerada.

O podcast José Adriano Talks é apoiado por BlueTaxMitySafeGrupo LPJ e KTGroup.

Ouça e participe:

O episódio completo está disponível no Spotify e demais plataformas de áudio. Links em https://www.joseadrianotalks.com.br/


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