Por José Adriano
A sustentabilidade empresarial deixou de ser uma opção de marketing. Ela se tornou parte essencial da estratégia corporativa, com impacto direto na competitividade, na governança e na longevidade das empresas.
No oitavo episódio do José Adriano Talks, conversei com Alex Petermann, engenheiro de minas, executivo com trajetória internacional e fundador da DeCarbonMine, sobre como a tecnologia e a descarbonização estão redesenhando o futuro da indústria.
Foi uma conversa densa, prática e inspiradora sobre o que realmente significa ser uma empresa sustentável, ética e perene — sem discurso vazio, mas com resultados concretos.
Da mineração à descarbonização: a jornada de um líder que vive a transição
Alex tem uma trajetória de mais de 25 anos na mineração, com experiências em países como Gana, Tanzânia, Mongólia, Chile e Peru.
Durante esse tempo, acompanhou de perto a transformação do setor — de uma indústria marcada por passivos ambientais para um ambiente de inovação e regeneração.
Com a DeCarbonMine, ele propõe uma nova abordagem: ajudar empresas a descarbonizarem suas operações e financiarem novos projetos através de créditos de carbono.
Ou seja, transformar a sustentabilidade em um ciclo virtuoso e financeiramente viável.
“Os projetos de descarbonização não são custos, são investimentos. Cada tonelada de carbono evitada pode virar crédito, receita e competitividade.”
Sustentabilidade como estratégia de negócio
Durante o episódio, destacamos que a visão sobre sustentabilidade mudou radicalmente.
Antes vista como obrigação ou despesa, hoje ela é fonte de inovação, reputação e lucro.
Empresas que integram sustentabilidade, governança e compliance (ESG) à estratégia corporativa estão criando novos modelos de valor, reduzindo custos e abrindo mercados.
Casos como o da Vale, que após Brumadinho passou a investir em economia circular e reaproveitamento de rejeitos, mostram que o que antes era passivo ambiental hoje pode ser ativo econômico.
“A descarbonização é uma alavanca de reinvenção dos negócios — e não apenas uma meta climática.”
O papel do Conselho e da Governança nessa transformação
O tema governança permeou toda a conversa.
Falamos sobre o papel dos conselhos de administração na construção de empresas perenes e resilientes.
Mais do que avaliar números, os conselhos precisam mapear riscos, fomentar inovação e garantir cultura ética em todas as camadas da organização.
A governança é o “G” do ESG — e é o elemento que conecta o propósito ao resultado.
Sem governança, não há ESG verdadeiro, apenas discurso.
“O papel do Conselho é garantir a perenidade. Empresas que não integrarem sustentabilidade e IA à estratégia simplesmente não sobreviverão.”
Brasil: atrasado, mas com enorme potencial
Alex foi direto ao ponto: o Brasil ainda tem desafios de maturidade em sustentabilidade e governança, mas avança rápido.
Enquanto países como Chile e Canadá já possuem planos robustos e mercados regulados de carbono, o Brasil vem estruturando sua própria base legal e tecnológica.
O ponto positivo?
Temos uma governança corporativa mais evoluída do que boa parte da América Latina e um ecossistema de inovação que cresce a cada ano — com empresas criando tecnologias próprias de descarbonização e automação sustentável.
Inteligência Artificial e inovação: as novas aliadas da sustentabilidade
A inteligência artificial (IA) é hoje uma ferramenta essencial para acelerar a agenda ESG.
Na mineração, por exemplo, já é possível usar IA para ajustar o processamento do minério conforme sua qualidade, reduzindo desperdícios e eliminando rejeitos.
O resultado: eficiência, economia e impacto ambiental reduzido.
E essa revolução não é exclusiva da indústria pesada.
A IA está mudando toda a cadeia de valor — da produção ao compliance, do controle de emissões à análise de riscos.
“A IA é uma nova lente. Ela permite enxergar oportunidades que antes eram invisíveis.”
Do propósito ao resultado: ESG com viabilidade econômica
Um dos pontos mais poderosos da conversa foi o equilíbrio entre propósito e resultado financeiro.
Alex reforçou que todo projeto ESG precisa ter viabilidade econômica, com VPL (Valor Presente Líquido) positivo — ou seja, gerar retorno.
Quando sustentabilidade é tratada como investimento, ela se paga e ainda fortalece o negócio.
Essa visão transforma a forma como líderes e conselheiros avaliam os projetos e permite escalar a transição de maneira sustentável.
Reflexão final
A sustentabilidade deixou de ser um diferencial e passou a ser pré-requisito de sobrevivência empresarial.
Empresas éticas, tecnológicas e governadas com propósito não apenas reduzem riscos — elas constroem o futuro.
Ouça e participe:
O episódio completo está disponível no Spotify e demais plataformas de áudio: www.joseadrianotalks.com.br
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