SAP Brasil diz que adaptação à reforma tributária é trabalhosa, mas ainda há tempo

Por Eduardo Cucolo

Uma das maiores fornecedoras de sistemas de gestão empresarial, a SAP Brasil afirma que ainda há tempo para que as empresas estejam prontas para o início da implantação da reforma tributária, em janeiro de 2026, mas que algumas podem enfrentar problemas com falta de mão de obra especializada neste fim de ano.

Empresas de serviço e manufatura terão mais facilidade nesse processo, pois, em sua maioria, não terão novas obrigações, segundo Franklin Bruno, gerente de Solution Advisors da SAP Brasil.

Ele cita o setor financeiro entre aqueles que podem enfrentar um pouco de dificuldade, não por conta da reforma em si, mas porque terão de entregar documentos comprobatórios que atualmente não são exigidos.

A SAP Brasil é uma das empresas selecionadas para participar do teste do Portal da Reforma Tributária iniciado em julho e possui diversos clientes que também fazem parte desse piloto.

A empresa dividiu a reforma em três pilares: atualizações dos sistemas relacionados a cálculo do imposto, obrigações acessórias e documentos fiscais. O executivo diz que tudo aquilo que o governo conseguiu homologar e disponibilizar para o mercado a companhia já entregou para que os clientes possam atualizar seus sistemas.

Cerca de 95% dos clientes já estão trabalhando na atualização dos seus sistemas, e apenas cerca de 5% não começaram. Multinacionais de origem estrangeira tomaram a decisão de se adaptar às mudanças antes das multinacionais genuinamente brasileiras.

A fase mais crítica já passou. Agora, a empresa está atenta para o que poderá vir de forma complementar em relação a obrigações acessórias e notas fiscais.

“Aquilo que foi aprovado, que foi homologado [pelo governo], que está disponibilizado pelo fornecedor de software, coloque na agenda e execute”, afirma Bruno, em entrevista à Folha. “Quanto mais você deixar isso para frente, maior o risco de não encontrar bons profissionais de TI ou de gestão empresarial para te auxiliar nesse tema.”

Ele afirma que algumas empresas estavam mais céticas se de fato a reforma seria aprovada e que a sanção da primeira lei complementar que regulamentou a reforma, em janeiro deste ano, foi um divisor de águas.

A SAP está presente em mais de 190 países e, quando o governo apresentou o projeto de regulamentação, a companhia começou a estudar os sistemas em unidades de outras jurisdições. “Percebemos que é um modelo muito semelhante ao canadense e francês. O que a gente fez? Foi lá, copiou boa parte das linhas de código desses países e trouxemos para o Brasil. A forma com que a gente vai operar os nossos impostos fica muito mais semelhante aos modelos europeus.”

Segundo ele, o processo de adaptação não é difícil, mas sim trabalhoso, pois a reforma não se limita à atualização de softwares. É necessário também revisitar toda a parte de compras, vendas, precificação e logística, por exemplo. “A parte sistêmica é mais marginal. A revisão de negócios propriamente dita é o que de fato vai tomar o tempo do empresário.”

Entre as principais preocupações dos clientes da empresa hoje estão a confiança nos sistemas de gestão para garantir a apuração correta dos novos tributos, a segurança de dados diante do compartilhamento de informações com diversos órgãos públicos e a velocidade de adaptação dos softwares diante de mudanças na nova legislação.

A adaptação dos produtos à reforma levou a SAP a remanejar equipes e a fazer grandes investimentos para alinhar seus produtos às novas regras tributárias.

A empresa diz estar confiante no funcionamento do novo sistema, lembrando que ele está sendo testado por alguns dos seus clientes e que o Brasil já possui infraestrutura para sustentar transações dessa magnitude, como mostra a operação do Pix.

https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2025/10/sap-brasil-diz-que-adaptacao-a-reforma-tributaria-e-trabalhosa-mas-ainda-ha-tempo.shtml

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