Por José Adriano
Na última live promovida pelo Estadão em parceria com a Deloitte, dentro da série CFO Survey 2025, um tema pairou sobre todas as análises: a Reforma Tributária no Brasil não é apenas uma pauta fiscal, mas uma verdadeira reforma de negócios.
Durante a conversa, que contou com Paulo de Tarso (sócio-líder do CFO Program da Deloitte), Gustavo Matsumoto (CFO da Algar Telecom) e João Ribeiro (vice-presidente do IBEF), ficou evidente que o CFO do presente precisa se posicionar como protagonista nesta transformação, preparando sistemas, processos e pessoas para uma convivência complexa entre o modelo atual e o novo, que coexistirão por anos.
João Ribeiro destacou, em uma fala clara, que não se trata apenas de atualizar planilhas de cálculo de tributos. A mudança é estrutural e exigirá das empresas uma revisão de seus modelos de negócios, estratégias de localização de operações e, principalmente, uma visão integrada entre as áreas contábil, fiscal, tecnologia e estratégia. Ele lembrou que mudanças recentes como a nova lei de transfer pricing, alinhada às regras da OCDE, e a adoção do “pillar two” (imposto de renda mínimo global) já estão transformando o ambiente tributário brasileiro, pressionando multinacionais a adaptarem suas estruturas e cadeias de valor.
Paulo de Tarso foi direto ao ponto: para ele, a reforma tributária precisa ser vista como um gatilho de transformação de negócios, não apenas como uma adequação fiscal. Segundo ele, empresas que tradicionalmente definiam suas operações pela ótica tributária precisarão repensar suas localizações e processos. E o mais importante: a hora de agir é agora, antes que a obrigatoriedade do novo modelo chegue em 2026, exigindo de todos sistemas prontos e processos redesenhados.
O CFO, neste novo cenário, assume um papel essencial ao lado do CEO e do conselho, articulando discussões, simulando impactos e garantindo que as operações estejam prontas para o novo regime, sem riscos para compliance e caixa. Mais do que nunca, a atuação do líder financeiro migra do operacional para o estratégico, transformando a reforma em uma oportunidade de rever processos, automatizar rotinas e garantir eficiência tributária de forma alinhada aos padrões globais.
A live também abordou a crescente adoção de Inteligência Artificial Generativa pelas empresas para automatização de rotinas e análises financeiras, mas ficou evidente que, sem um ambiente tributário estruturado, a eficiência operacional corre o risco de se perder em um emaranhado de inseguranças fiscais.
Com a reforma tributária cada vez mais próxima, o CFO que quiser liderar nesta nova era precisa entender que este não é um projeto do fiscal, mas sim uma pauta de negócios que exige atenção prioritária em 2025. A transição não será simples, e o diferencial estará nas empresas que conseguirem transformar este desafio em oportunidade para simplificar estruturas, otimizar operações e garantir sustentabilidade fiscal.
Este debate, é um convite para todos os CFOs e conselheiros que desejam se posicionar como protagonistas na transformação de seus negócios. A reforma tributária está chegando. E o papel do CFO será decisivo para transformar esta mudança em um motor de vantagem competitiva.
Fonte: https://joseadriano.com.br/
Íntegra da live em: